domingo, 11 de maio de 2008

Poema











Intervalo



É noite.

A fila avoluma-se frente ao balcão do bar-lanches
O cheiro de frituras & a jukebox
impregnando tudo
tomando conta do ambiente
& as bocas voluptuosas triturando sanduiches
segredos
& o xis-salada

cafés pastéis refris cervejas
'ficadas'
provas política futebol
risos em profusão
'baladas'

& belas e estonteantes curvas insinuantes & sem maldade
pedindo fogo com a douçura
do anjo

E eu, voyer alienígena exótico
em minha mesa solitária comtemplando
a agitada cena estudantil

.....

Então
cabeça nas estrelas
nas estradas
& nas alcovas

bebo um gole de tinto & degusto
antigas & cálidas
recordações

(É noite...)

Júlio Garcia

sábado, 10 de maio de 2008

Poema




















Depois daquela noite, em Santiago

Nunca mais fui o mesmo
depois daquela noite em Santiago
quando entre lençois & beijos & afagos
& troca de fluídos cósmicos & alucinógenas divagações
cavalgando contigo nas galáxias do amor & da libertinagem
vinhos & espelhos & luzes coloridas
tendo Baco & Cupido como cúmplices
de indescritíveis prazeres
nossos corpos cansados suados satisfeitos nus
firmando compromisso de voar para as alturas
estelares da irreverência e do prazer
.....................

não saistes mais de mim, nem eu de ti
nem do meu corpo saiu o teu perfume
etérea gardênia impregnando
meus sentidos
desde então
nunca mais fui o mesmo
depois daquela noite mágica & inesquecível
de gloriosas & homéricas loucuras juvenis
depois daquela doida & caliente
mágica noite de amores
em Santiago...

Júlio Garcia

quarta-feira, 7 de maio de 2008

Poema beat II

Mochilas repletas de coragem & ansiedade
& de jeans & cantis transbordantes
de cobertores sandwiches & sonhos
determinados a buscar o Conhecimento e a Afirmação
colocamos resolutos nossos pés adolescentes
na longa & tortuosa & perigosa
estrada da Aventura
em direção aos postais & às cruezas & intempéries
& maravilhas do enorme País Desconhecido
mochilas & corpos & almas plenes de energia
& audácia

Júlio Garcia - 2008

segunda-feira, 5 de maio de 2008

Poema beat

O ponto de partida foi a velha praça central

Senhora Conceição testemunhava das alturas

o início da aventura juvenil

Tomamos a direção da longa estrada

que nos levaria à descoberta do mundo

e de nós mesmos

E então marchamos resolutos

mochilas nas costas subindo

às alturas soberanas dos condores

e mais tarde também descendo


às encostas das paredes do tempo

e do inferno

Batendo as cabeças iluminadas

nos cristais mágicos das vitrines

observando as portas das boates de Copacabana

mergulhando nas espumas flutuantes & salgadas de Ipanema

e da Barra da Tijuca tão distante

nos botecos do beco da fome

do baixo Leblon & do Leme com direito a banda & marchas de carnaval

na crua realidade e aspereza da vida

nos trens da Central

moças generosas oferecendo

café & carinho & algo mais

Atravesando túneis

quase atropelados/assaltados & famintos

Despachos ofertados nas grutas & encruzilhadas

cruzando precipícios

contemplando fascinados a noite & abaixo o mar violento

audazes molhados & suados

exaustos indignados & felizes

buscando encontrar na escuridão

nosso lugar ao sol

confusos corajosos quixotes aprendizes estrangeiros

& perdidos

na cidade maravilhosa/ trágica/sedutora

& perversa


Júlio Garcia/2008