sábado, 27 de dezembro de 2014

Eu canto!





Eu canto

com profundo prazer, com emoção

o povo que optou por ser livre

e que por isso sangrou.


Os heróis e os anônimos.


A América Latina

(vulcão em atividade permanente).

O fogo descendo pelas encostas das neves andinas,

Eternas, desafiadoras, majestosa...

E madrastas.


Guevara eternizando seu exemplo

nos vales e montanhas bolivianas.

Eu canto o feito épico

de Lamarca lutando contra a fome

e as injustiças no Vale da Ribeira.


As crianças da Nicarágua

entoando suas canções sandinistas

(que falam em um porvir

com rios de leite e mel).


Eu canto a epopéia vivenciada

pelos povos, todos, de nosso imenso

e explorado continente

(do Altiplano, das savanas, dos pampas sem fronteiras,

da Amazônia infinita, das selvas colombianas...).


Eu canto

os camponeses, os índios

despojados de suas terras.

Os combatentes mortos no Peru

nas selvas do Araguaia

nas ruas de Santiago...


Toda a resistência conhecida

(ou anônima)

que houve, ou que haverá (?!) em nossa

Pátria Grande

Eu canto.


A coragem da mulher salvadorenha,

chilena, brasileira, uruguaya...

A saga das loucas

da Plaza de mayo.

De todas as esposas/mães/irmãs/amigas

de todas as fortes, calejadas, saudosas, resistentes

companheiras dos desaparecidos latino-americanos...


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Por todo o sangue derramado

pelos povos.

Por tudo isso dito, e pelo que ficou

Ainda guardado, esperando o seu momento,

E c o a n d o :

Eu canto!


   Júlio Garcia
...


*Este poema recebeu a ‘Menção Honrosa’ no

XXI Concurso Literário Felippe D’Oliveira

Santa Maria – RS - 1997