domingo, 12 de fevereiro de 2012














O Campeador Desterrado

Sou gaudério, Campeador
Oriundo de mil rincões
Sem medalhas -  ou brazões
Nem posteiro, nem patrão...

-Às vezes - montado garbo
Num soberbo garanhão...

E às vezes -- quando a maré
Da sorte, torna-se ingrata
Quando o destino maltrata
'Redemoinhando' a Razão...

Vou lutar o 'bom combate'.
Eu não conheço a preguiça
Campeio sonhos, justiça
Combatendo destemido
Com a lança firme na mão:
-Sou mais um índio sem terra
Escorraçado ...   na 'guerra'
Cruzando mil corredores
Mas nunca perdendo a fé:

-Sou terneiro desgarrado
-Sou cidadão desterrado:
-Sou mais um gaúcho-a-pé!

Mas ... altaneiro! Não me domam!
Sou aço bem temperado!
Guerrilheiro tarimbado
Não me dou tempo à lamentos:
-No alforge trago guardado
Um farnel de mantimentos...

Sei enfrentar o minuano
As geadas e as tormentas
Sobrevivo às invernias
E não me inibem as tiranias
-Nem vozeirões de arrogância.

Se me querem 'embretar'
Não encontram concordância:
Rebento freios, disparo
Detonando 'estrepolias'
Transpondo léguas, distâncias...

-Sou mais um índio sem terra
'escorraçado' -   na guerra!
Cruzando mil corredores
Mas nunca perdendo a fé:
-Sou terneiro desgarrado,
-Sou um cidadão desterrado
-Sou mais um gaúcho-a-pé...
...
Sou gaudério, Campeador
Oriundo de mil rincões
Sem medalhas - ou brazões
Nem posteiro, nem patrão...

No refúgio de um capão
Retomo o fôlego - e o vigor...
Recomponho o  coração
E o sonho - com destemor
(Porque um forte não se abate!)

Curo assim minhas feridas
Pra seguir nesse combate
-Pra continuar Campeador...

*** 
Letra: Júlio Garcia
Música: Sandro Medina
(Santiago/RS - 1994).