sábado, 28 de setembro de 2013

Poema



Na Biblioteca

'Oh! Bendito o que semeia/ livros ... livros à mão-cheia/ e manda o povo pensar...'  (Castro Alves)

Quase por acaso
encontro alguns ilustres luzidios
nas empoeiradas prateleiras cinzentas
& amareladas
da velha biblioteca provinciana

Dentre eles
dois camaradas de olímpicas performances
com seus escritos contundentes
poéticos substantivos & proféticos
suas denúncias contra os opressores
que regam o sistema vil $ infame
que aprisiona e que liquida
a terra a vida o sonho a humanidade

Scorza
dando bom dia para os defuntos
e peguntando pela bala
que abateu ....Vallejo
('um homem passa com um pão ao ombro')
perguntando o que foi feito
de sua Santiago de Chuco
e da Espanha Republicana
....

Pois então
- para minha surpresa e júbilo -
na biblioteca provinciana eu os encontro
quase por acaso
& mergulho nas suas páginas mágicas
& comungo com eles nessa liturgia
pagã conturbada
irreverente
irredutível
& apaixonada
escalando com eles célere as montanhas
- e adentrando, às vêzes, na imensa
& densa treva -
presentes nos romances de Scorza
nos poemas de Vallejo
& nos defuntos de Cerro
de Santiago
& de Madri...