sábado, 18 de agosto de 2007

Brasil/Bolívia




Respeitar a soberania e saber negociar

A decisão do governo boliviano de nacionalizar as reservas de petróleo e gás do país foi reconhecida - corretamente - pelo governo brasileiro como um legítimo 'ato inerente à sua soberania'. O presidente Evo Morales (e aqui não vamos discutir a oportunidade - ou não - de sua decisão; se o momento mais adequado seria esse - ou não; se deveria ter sido mais 'flexível' (?!) - ou não - nas conversações, nos prazos etc.) não está sendo mais do que coerente com o compromisso que assumiu durante sua campanha eleitoral. Evo não está traindo seu discurso, nem se propondo a enganar ninguém. E tem o apoio da absoluta maioria do seu povo, explorado e oprimido a mais de quinhentos anos pelos conquistadores imperialistas de ontem e de hoje. Agora, o novo governo boliviano acha que chegou a hora de dar um 'basta' à exploração do seu povo. Quem pode condenar essa decisão, soberanamente tomada pelos legítimos representantes dos índios, dos camponeses e dos trabalhadores da Bolívia, a não ser aqueles que querem eternizar a exploração dos povos latinoamericanos?

O presidente boliviano também já reiterou que não haverá suspensão do fornecimento do gás natural para o Brasil. A Petrobrás - que certamente poderá perder 'alguns anéis', não perderá 'os dedos': com serenidade, informou que tem todas as condições de garantir que o fornecimento continuará normal. Então, o que há de mais? O caminho que temos pela frente é - e não poderia ser outro! - o da diplomacia , o da negociação!

Diferentemente do que queriam os meios de comunicação dominados pelo capital (nacional e internacional) e a oposição raivosa, o governo Lula não entrou na cantilena hipócrita e alarmista dos que querem satanizar o presidente Evo Morales, aliás, como já tentaram fazer primeiramente com o próprio Lula e, após, com o presidente Hugo Chaves, da Venezuela. "O governo brasileiro agirá com firmeza e tranquilidade em todos os foros, no sentido de preservar os interesses da Petrobras e levará adiante as negociações necessárias para garantir o relacionamento equilibrado e mutuamente proveitoso para os países", diz a nota do Planalto.

Não era outra a postura que esperávamos do nosso governo. Aliás, um dos pontos fortes do governo brasileiro tem sido a política internacional implementada pelo Itamaraty. E o papel de agente do imperialismo não combinaria jamais com o que os povos latinoamericanos esperam do governo Lula.

Júlio Garcia - Poa - 03/05/2006

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