sábado, 11 de agosto de 2007

Perspectivas...


O PT e as eleições 2000



O resultado do 2º turno das eleições municipais deste ano acabou por consolidar a vitória da esquerda, com destaque para o Partido dos Trabalhadores. Vitória essa obtida já em 1º de outubro, por ocasião do primeiro turno, quando o Partido teve um crescimento de 51,25% em nível nacional, em relação às eleições de 96, consolidada agora de forma inquestionável, admitida inclusive pela maioria dos adversários menos sectários do projeto renovador/transformador representado pelo PT e aliados do campo democrático e popular.

Não é demais enfatizar que neste 2º turno o PT concorreu em 16 cidades com mais de 200 mil eleitores em vários estados do país, tendo sagrado-se vitorioso em treze delas, além de ter vencido, concorrendo a vice em várias outras cidades importantes, como ocorreu em Belo Horizonte, Niterói, Olinda, dentre outras. Por muito pouco, a vitória não foi alcançada também em Canoas, Curitiba e Santos. Fica para a próxima...

Com efeito, a quarta vitória consecutiva em Porto Alegre, reelegendo – de forma arrasadora - o companheiro Tarso Genro; as conquistas obtidas no interior do Estado, em particular as reeleições em Caxias, Gravataí, Alvorada e Viamão; as grandes vitórias registradas em Pelotas, Santa Maria, Bagé, Cachoeirinha, dentre outras, atestam que, no Rio Grande do Sul, temos sim muito à comemorar: além dos resultados já citados, foi o Partido dos Trabalhadores o grande vitorioso, também numericamente, tendo ficado com a honrosa posição de ser o partido mais votado para o Executivo nestas eleições. Sem dúvida, uma resposta contundente de apoio e estímulo ao PT, aliados e ao Governo Democrático e Popular do Rio Grande, tão atacado, de forma injusta, antidemocrática e desleal, por nossos adversários durante toda a campanha, que sai destas eleições fortalecido com o voto de confiança conferido pela maioria dos eleitores gaúchos (o verdadeiro plebiscito realizado no RS é inconteste!) para tristeza dos “caciques” do PMDB, PPB, PTB, PFL, PSDB etc... - os grandes derrotados neste histórico pleito recém concluído.

Não podemos deixar de destacar também as vitórias em mais cinco importantes capitais ( a começar por São Paulo, o que dispensa maiores comentários), além de Goiânia, Recife, Belém e Aracajú; as importantes conquistas no Paraná (Maringá e Londrina), além das vitórias significativas no interior de São Paulo, que atestam de forma definitiva a dimensão da vitória do dia 29 de outubro. Governaremos a partir do ano vindouro, 187 prefeituras distribuídas em todas as regiões do país, dentre as quais, 17 das maiores cidades brasileiras, o que, convenhamos, não é pouca coisa!

É claro que em muitos municípios as dificuldades oriundas da falta de uma maior inserção social do Partido (principalmente no movimento popular e sindical); a falta de organização e qualificação das direções, ou mesmo devido a problemas internos, que geraram não raramente disputas sectárias e despolitizadas, prejudicando o desempenho e torpedeando a unidade partidária, juntamente com erros – muitos dos quais poderiam ter sido evitados, - na condução da campanha, somados a truculência utilizada por nossos adversários conservadores – principalmente nos municípios menores, e que não foram poucas! – fizeram a diferença e dificultaram um avanço que poderia ter sido ainda maior.

Os companheiros, porém, de forma responsável, desarmada e construtiva, certamente saberão tirar as devidas lições dos erros cometidos nesta campanha, através das avaliações nos balanços que já estão sendo realizados, e que deverão contribuir para evitar sua repetição nos próximos embates eleitorais que travarmos, bem como na luta do dia-a-dia, reafirmando nosso projeto e combatendo nossos inimigos de classe (somos um partido do “ano inteiro”, não é assim?), além de ajudar a melhorar nossas relações internas, depurando e reorganizando o Partido dos Trabalhadores, propiciando que a “Maré Vermelha” também chegue, nas próximas eleições, à todos os rincões do nosso estado e país.

O companheiro Flávio Koutzii, avaliando o resultado eleitoral, não tem dúvidas em relação ao significado de nossa vitória, bem como do que nos aguarda, do que estará em jogo a partir de agora: “... As eleições municipais estabeleceram um novo cenário para 2002. O que identifico como o começo do fim da hegemonia neoliberal não garante o início da nossa hegemonia. Significa, isto sim, o caráter da luta que temos pela frente”. Mas alerta: “... No bojo de nossa mais expressiva vitória desde a conquista do Governo do Estado, nós temos, como eternamente se repete ao longo da nossa história, imensos desafios. A direita vai redobrar os seus esforços para fortalecer seus espaços políticos”.

No entanto, apesar das imensas dificuldades que temos enfrentado - e que sabe, terão continuidade - o companheiro Flávio reafirma sua crença em nosso potencial: “... As eleições significaram a retomada do orgulho de ser petista, a afirmação da identidade, dos nossos valores e o reconhecimento das massas populares, que começam a discernir que, apesar dos problemas (no nosso Governo) existe um projeto que é contrário ao modelo neoliberal. Portanto, estamos atuando num cenário que tivemos a honra de construir, o prazer de desfrutar e a alegria de viver” (...).

Com efeito, a flagrante derrota do neoliberalismo nestas eleições tem que ser destacada com a devida ênfase no balanço que estamos realizando, aliás, como muito bem coloca o companheiro Milton Temer (PT/RJ) em recente artigo onde analisa os resultados eleitorais no país: “... A oposição - a esquerda e dentro dela o PT - alcançou uma vitória espetacular nas eleições municipais deste ano da graça de 2000. O recado que sai das urnas é claro: o Brasil tem que mudar. O impacto deste resultado tão contundente vai determinar uma mudança na correlação de forças e na agenda geral do debate político brasileiro.

Que o PT foi o principal vitorioso, quase ninguém contesta. Até mesmo os governistas e os porta-vozes das forças sociais dominantes são obrigados, ainda que de maneira constrangida, a reconhecer esse fato. Cada qual, é claro, busca fazer sua leitura interessada e distorcida do resultado. Coisas do tipo: rosa esmaecido, ganhou porque não é mais radical, aceitou os ditames da ordem, virou social-democrata. Ou então: vão virar vidraça e (enquanto ajuntam pedras para jogar) apostam na diluição do projeto petista naquilo que eles julgam a inevitável geleia geral brasileira.

Terão ou não razão? Só a vida dirá. Uma coisa, no entanto, é certa. O PT ganhou a eleição ali onde se apresentou com sua identidade forte (...)”.

E continua o Deputado Federal petista: “Quando o Congresso do partido decidiu federalizar a disputa municipal, transformando-a num plebiscito contra FHC, acertou em cheio. A vitória começou ali. A militância bancou o desafio e o partido vestiu o vermelho-esperança para conquistar, no debate que associou os problemas da cidade com as grandes questões da política nacional, a consciência cidadã e a vitória nas urnas.

O PT ganhou as eleições porque acumulou na política. Quando a população resolve rechaçar, de maneira cada vez mais efetiva, o modelo neoliberal dominante, implantado por Collor e consolidado na era FHC, o projeto petista é o desaguadouro natural. A sociedade reconhece no PT, desde sempre, o contraponto radical a este modelo (...)”.

“O PT sai das urnas com responsabilidades alargadas. Mais do que conquistar espaços de poder, saber enfrentar os desafios da administração pública, o compromisso originário do partido é com a mudança da natureza do poder político. A governabilidade – democrática e participativa – se afirma através da mudança na ordem social injusta. E a eficácia do propositivo está ancorada na ruptura com o modelo excludente. São os eixos de um desafio que, se bem resolvido, projetam sobre 2002 os impulsos da atual onda vermelha”.

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